Por Murillo Barros
Jornalista, especialista em produção cultural e mestre em Técnicas e artes musicais(UNL).
Exatamente às sete horas, as cortinas do Teatro SESC Ginástico se abrem ecooando um "Boa noite Rio de Janeiro !"
No palco simples e nu, à meia luz, somente os teclados do maestro Alexandre Menezes e uma percussão preguiçosa (no melhor sentido) de Edmilson Nazareth.
A caixa cênica foi completamente preenchida pelo trovão vocal que, entoou "As Forças da Natureza" quase à capela. Eu e meus "botões" pensamos: "... quanta frequência reverbe tem nesse microfone ... Meu Deus ..." e cheguei a comentar com um amigo que me acompanhava.
Quando a música terminou, o efeito parecia ter cessado, mas a voz continuava a preencher o espaço. Percebemos, então, que não havia efeito algum, era o volume vocal da cantora. Afinal, era Alcione, melhor do que nunca, com um volume vocal e uma respiração ímpar. Como as bases estavam muito sútis, a cada canção, espertamente Alcione mostrava malabarismos vocais provando que a voz está em ótima forma.
Outro dia lendo algumas críticas dos que se dizem donos do conhecimento, alguém (infelizmente não me lembro o nome, pois gostaría de citá-lo) disse que "a voz da Alcione não é mais a mesma, que o alcance está limitado." Sem palavras para defendê-la, pois não é necessário; tecnicamente digo que é MENTIRA ! Eis a explicação:
O registro vocal grave e rascante como o da Alcione é muito raro. Existem registros próximos, mas ainda diferentes: graves mais aveludados (como Jorge Aragão) ... graves mais doces (como Ana Carolina) ... graves mais vibrados (como o da Elza Soares)...enfim, esse timbre vocal, normalmente sofre algumas mudanças devido ao fato de as cordas vocais serem mais densas. Daí a facilidade com a rouquidão. O que mais me impressiona na Alcione, é o alcance agudo, pois normalmente este registro pende à uma extensão mais grave. E ela, sem dó, consegue subir e descer as frases melodicas sem qualquer esforço ou limitação. Portanto, não é que a voz da Alcione esteja com menor potência (até porque existem técnicas que podem ser trabalhadas ). Ela mudou, ficou mais grave. O volume é o mesmo, a potência é a mesma, a extensão está ainda melhor. A única mutação foi a região natural do canto.
Voltando ao show...
Entre a segunda e a terceira música Alcione pede licença a platéia: "gente, gostaría de pedir licença a vocês para dedicar este show de hoje a Solange; a baixinha lá de casa - brincou - mas é a mulher do comando. É nossa chefe. Todas as minhas produções saem da cabeça dela." Alguém grita: "Maravilhosa!" bem humorada, a cantora dispara: "Meu colega, meu corpo não está no pacote. Não vem com força não!" E o público vai ao delírio. Alcione canta Edital e sabe manter seu público nas mãos.
Entre as músicas, Alcione sentava, contava seus causos, atendia pedidos e enfileirava sucessos.
Em um determinado momento, a cantora começa (quase cantarolando) "O que é o amor" (samba de Arlindo Cruz) e na sintonia, Alexandre e o percussionista entram na "dança" e seguem a cantora, culminando numa belíssima roupagem para o samba gravado por Maria Rita.
Quando a música termina, Alcione solta uma de suas tiradas à platéia: "gente! Meu povo aqui trás não é mole. Eu não preciso nem contar um, dois, três, que o coro come."
O show seguiu ao som de Molambo, Ontem a noite, Edmundo - em homenagem a Elza Soares, onde a cantora brincou com a extensão vocal e reproduziu os vibratos de Elza direitinho. Brincar com a voz é com ela mesmo.
Alcione surpreendeu cantando um pout-pourrie com "Pra que chorar" e "Acorda que eu quero ver". DELICIOSO - como a marrom de antes, não menos que a de hoje. Alcione declarou seu carinho pelo público e agradeceu pelo retorno do show ao SESC Ginástico.
O fim do show havia se aproximado e a certeza de que foi um grande espetáculo, um inesquecível encontro entre cantora e público fiel; entre voz e arte; entre a música e uma grande estrela. Uma artista que já alcançou o patamar de diva. A mesma marrom de ontem e de sempre. Do Brasil e do mundo!
Tim tim, marrom!
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Sejam Bem-vindos
Quem a ouve não esquece... Voz exuberante e inconfundível à serviço da alma, refletindo a entrega de quem não teme se doar por inteiro. O poder e a sensualidade da voz negra que tinge a aquarela da música brasileira de marrom, com todo o suingue, brilhantismo e carisma de quem tem certeza que não está aqui por acaso. Vinte e oito discos de ouro e oito de platina, sendo dois deles de platina duplo. Inúmeros prêmios da MPB: Sharp de Música, Caras, Globo de Ouro, Rádio Globo, o Antena de Ouro, Tim, entre outros. Além desses, prêmios de grande vulto internacional como O Pensador de Marfim (concedido pelo Governo de Angola), Personalidade Negra das Artes (concedido pelo Conselho Internacional de Mulheres) e A Voz da América Latina (concedido pela ONU). Este blog é dedicado à cantora mais popular do Brasil. Filha do nosso chão, orgulho nosso. Uma mulher, uma negra, uma nordestina, uma brasileira guerreira: Alcione, a Marrom!

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